A pandemia alterou de maneira profunda a relação da maioria das pessoas com seus empregos. Segundo a pesquisa Gestão de Pessoas na Crise de Covid-19, realizada pela Fundação Instituto de Administração (FIA), em conjunto com a CIA de Talentos e a empresa Xtrategie, 46% das 139 empresas envolvidas na pesquisa adotaram o home office durante o início das quarentenas na pandemia. O home office no Brasil não era uma realidade muito presente, mas a partir do momento que as empresas adotaram esse modo de trabalho pela primeira vez, o cenário começou a mudar.
Antes da necessidade de adotar o home office, o setor de TI era o que mais contava com esse tipo de trabalho, já que geralmente tudo o que o profissional dessa área precisa é um computador. Mesmo assim, o percentual de técnicos e profissionais que de fato trabalhavam em casa não era alto e, muitas vezes, o home office era ocasional.
Agora que a pandemia trouxe mais firmemente a possibilidade do home office no Brasil, resta saber como fica o mercado de TI no pós-covid, com a volta da vida normal sem distanciamento social e os processos cada vez mais avançados de transformação digital.
Adaptação difícil do home office no Brasil
Ainda que a margem de aplicação do trabalho em casa tenha aumentado bastante, muitos não conseguiram e não puderam manter seus funcionários em home office. O Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), da Fundação Getúlio Vargas, apontou em uma pesquisa que apenas cerca de 10% de todos os trabalhadores no país adotaram essa modalidade de trabalho, mesmo no auge do isolamento social em 2020.
Além disso, a diferença regional foi grande: 3,7% do total de pessoas empregadas na região Norte do país estavam em home office, enquanto no Distrito Federal esse número chegou a 18,9%. Esses números são baixos quando comparados a países mais desenvolvidos, principalmente porque no Brasil a maior parte dos empregos não é adaptável ao modelo de trabalho em casa.
Quem conseguiu, gostou!
Mesmo com uma minoria tendo conseguido trabalhar em home office no brasil, devido também à falta de infraestrutura na casa dos brasileiros, onde não há espaço e acesso adequado a planos de internet que suportem os serviços, aqueles que puderam levar o escritório para casa, na grande maioria, preferem esse modelo de trabalho.
É o que aponta outra pesquisa da FIA, a FIA Employee Experience (FEEx). Das 213 empresas envolvidas no estudo, 91% dos funcionários disseram que a experiência de trabalhar em casa foi ótima ou boa. Um outro estudo, realizado em 2021 pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP), mostrou que 78% das pessoas que ficaram em home office pretendem manter esse modelo de trabalho mesmo depois da pandemia. Esse número também indica que as pessoas estão se acostumando e mudando de ideia, já que em 2020 a mesma pesquisa relatou que a quantidade de trabalhadores que gostariam de continuar trabalhando à distância era de 70%.
Mas e o setor de TI?
Por incrível que pareça, um levantamento feito pela plataforma de recrutamento GeekHunter revelou a mesma porcentagem de trabalhadores interessados em manter o home office na área de TI. É de se esperar que esse número seja grande, uma vez que essa transição fica mais fácil no setor de tecnologia.
Nem todas as empresas, no entanto, estão planejando modificar a modalidade de trabalho de maneira tão abrangente. Segundo os profissionais entrevistados, 43,87% das empresas decidiram adotar o home office, enquanto 17,83% decidiu por um modelo híbrido e 21,45% ainda não decidiu. A porcentagem de empresas que se manterão na modalidade presencial é de 11,84%.
Ainda assim, mesmo com a porcentagem de empresas dispostas ao home office estar abaixo dos 50%, isso é um crescimento enorme em comparação com os anos anteriores à pandemia. Em 2018, o IBGE divulgou que 5,2% do total de trabalhadores no país estavam trabalhando em casa. Apenas 2 anos depois, essa porcentagem subiu para 11%!
A taxa de crescimento do número de pessoas em home office no Brasil nunca subiu tanto em tão pouco tempo, o que leva a considerar uma nova perspectiva de mercado de trabalho para o setor de TI. Ainda mais quando consideramos que adotar esse modo de trabalho gera economia para as empresas, mesmo aquelas que pagam auxílio para seus colaboradores.
Dificuldades do home office no Brasil
Mesmo entre os que preferem trabalhar em casa, muitos profissionais afirmam que, em home office, a carga de trabalho aumentou. Como o tempo de deslocamento é economizado, alguns começam o dia de trabalho mais cedo e terminam mais tarde. O estudo da FEA-USP mostrou que 45% dos entrevistados relataram uma jornada de trabalho superior a 45 horas semanais, sendo que a legislação trabalhista estabelece 44 horas semanais como a regra.
Dos que afirmaram trabalhar mais de 45 horas semanais, 23% disseram que a jornada poderia chegar a 70 horas semanais, o que dá 10 horas de trabalho por dia, contando com os finais de semana. Uma parcela menor, cerca de 6%, afirmou que chegavam a trabalhar mais de 70 horas por semana. Esse fato pode ter contribuído para o aumento do rendimento dos colaboradores na empresa, mas pode prejudicar a saúde dos funcionários no médio e longo prazo.
Outra questão que pode ser um problema é a comunicação. Para que o rendimento seja bom e o serviço dê resultados, é necessário que as equipes de trabalho estejam sempre em contato e alinhadas quanto à conclusão de tarefas e projetos, atrasos, entregas; enfim, tudo aquilo que seria a demanda diária no local normal de trabalho.
O home office no Brasil é uma tendência que provavelmente vai ser adotada cada vez mais nas empresas com infraestrutura para isso, especialmente no setor de TI. Adaptar-se é a chave para estar sempre bem colocado e, no caso das empresas, encontrar uma boa equipe de profissionais que faça bom proveito das facilidades do trabalho remoto e saiba evitar ou diminuir as dificuldades. Conte com nossa ajuda para dicas e informações no nosso blog!
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