Personalização de ERP: até onde ir em grandes empresas sem perder eficiência

Personalização de ERP: até onde ir em grandes empresas sem perder eficiência

A personalização de ERP é muitas vezes necessária para que processos únicos do negócio sejam suportados pelo sistema, porém saber como a personalização de ERP deve ser feita, com governança e limites claros, é o que separa vantagem competitiva de dívida técnica que emperra upgrades e operações. Nesta publicação vamos explicar opções de extensão, riscos de customização excessiva, critérios práticos de decisão e um roteiro para grandes empresas que precisam adaptar o ERP sem comprometer escalabilidade, upgrades e custo total de propriedade. 

Entendendo o trade-off: por que a personalização de ERP importa 

A personalização de ERP permite que regras locais, fluxos específicos e diferenciais de processo sejam incorporados ao dia a dia da empresa — e em cenários competitivos isso pode ser decisivo. Mas personalizar o core (núcleo) do ERP aumenta o acoplamento, eleva o custo de upgrades e torna a manutenção mais trabalhosa. SAP e outros fornecedores hoje recomendam um clean core e extensibilidade side-by-side sempre que possível para minimizar impactos em atualizações e migracões, preservando a capacidade de adotar inovações e patches com menos retrabalho. 

Quando optar por Personalização de ERP 

Decidir até onde ir com personalização de ERP exige perguntas objetivas: o requisito é estratégico (diferencia o produto/serviço) ou é mera conveniência operacional? A mudança será usada por muitos processos ou é específica e temporária? Existe API/feature pronta que atende o requisito? Se a necessidade afetará a capacidade de upgrade ou compliance, prefira extensão externa. Em outras palavras: personalize quando a personalização gerar vantagem sustentável e não quando estiver solucionando ausência de governança ou dados ruins. 

Modelos de extensibilidade: in-app vs side-by-side (BTP) e quando usar cada um

Existem basicamente três caminhos técnicos para ajustar um ERP sem comprometer governança:

  • In-app (no stack): usar hooks oficiais do ERP (BAdIs, enhancement framework, custom fields). Serve para ajustes pequenos e oficiais que respeitam regras de upgrade. Use com disciplina. 
  • Side-by-side (SAP BTP / external services): construir aplicações fora do core que consomem APIs, eventos ou serviços do ERP. É a estratégia recomendada para mudanças significativas porque desacopla a customização do core e reduz custo de atualização.
  • Key-user / low-code adaptations: usar ferramentas de configuração e adaptadores de UI quando a mudança for essencialmente de interface ou pequena lógica de negócio — rápido, reversível e com menor risco.

A regra prática: prefira side-by-side para funcionalidades novas e de longa duração; in-app apenas quando existir um ponto de extensão certificado e de baixo impacto.

Riscos concretos da customização desenfreada

Quando a personalização de ERP é feita sem governança, aparecem problemas previsíveis: custom code que quebra em upgrades, gaps de segurança, duplicação de regras de negócio, dificuldade para on-boardar talentos, e custos crescentes de suporte. Estudos e guias de migração mostram que a identificação e remediação de custom code é um dos pontos mais caros em projetos de S/4HANA e upgrades,  que a estratégia clean core + extensibilidade reduz esse custo e risco. 

Personalização de ERP: até onde ir em grandes empresas sem perder eficiência

Boas práticas de governança para personalizações em grandes empresas

Para controlar a personalização e manter eficiência operacional, implemente políticas claras:

  1. Catálogo de extensões aprovadas: documente padrões (quando usar BTP, quando in-app).
  2. Gate de aprovação com ROI: qualquer pedido de personalização passa por avaliação de valor, custo e impacto em upgrades.
  3. Inventário de custom code: registre autoria, uso, dependências e data de revisão. Ferramentas automáticas ajudam a mapear o que é realmente executado em produção.
  4. Tests automatizados e pipeline CI/CD: valide regressão em cada alteração para evitar regressões em produção.
  5. Planos de remoção (sunset): toda customização deve ter critério de revisão e possível descontinuação ao atingir obsolescência.

Essas medidas permitem que a personalização de ERP seja tratada como produto, com lifecycle próprio e não como um quebra-galho eterno.

Arquitetura e integração: desenhando para escalabilidade

Para que a personalização de ERP não vire gargalo, desenhe uma camada de integração e eventos que isole o core. Use APIs estáveis, contratos (API contracts), filas e eventos (business events) para comunicar sistemas. Extensões side-by-side devem ser versionadas e monitoradas por observability (logs, traces, métricas). A separação clara entre core e extensões facilita updates independentes e tolerância a falhas. 

Casos práticos, quando escolher cada abordagem

  • Processos operacionais simples e de curta vida: use ferramentas de key-user ou in-app com controles.
  • Funcionalidade diferenciadora e customer-facing (produto/serviço): prefira side-by-side para permitir iteração rápida sem penalizar upgrades.
  • Regras fiscais/contábeis críticas: centralize em tax engines ou em camada harmonizadora para evitar divergências entre unidades.
  • Integração com parceiros/hyperscalers: desacople via APIs e use BTP ou middleware.

Esses critérios ajudam equipes a decidir rapidamente por qual via seguir sem sacrificar governança.

Processo recomendado para autorizar uma customização (checklist rápido)

Antes de aprovar qualquer personalização de ERP, confirme:

  • Há solução padrão ou API que resolva o caso?
  • A mudança é estratégica e de longo prazo (>= 2 anos) ou temporária?
  • Existe owner do produto, testes automatizados, e rollback definido?
  • A customização está registrada e versionada no repositório de código?
  • Qual o impacto previsto em upgrades e qual o plano de mitigação?

Resposta afirmativa a esses pontos reduz muito o risco de dívidas técnicas.

Como medir se a personalização está valendo a pena

Monitore métricas que mostrem valor e custo: tempo de desenvolvimento, custo total de suporte (TCO), número de incidentes relacionados, esforço em upgrades (horas/homologação), e tempo até o valor (time-to-value). Se o custo marginal de manter uma customização superar o benefício em 12–24 meses, avalie migrar para uma solução externa ou reengenharia do processo.

Personalização de ERP: até onde ir em grandes empresas sem perder eficiência

Roadmap prático para grandes empresas (6–12 meses)

  1. Inventário e classificação de todas as personalizações (mapeamento com ferramentas).
  2. Definição de política de extensibilidade (clean core, approved extensions).
  3. Pilotar side-by-side para 2 features críticas no BTP ou plataforma escolhida.
  4. Implementar CI/CD e testes automatizados para novas customizações.
  5. Revisão e “sunset” de customizações obsoletas.

Esse roteiro reduz risco e prepara a empresa para upgrades contínuos e adoção de inovações (AI, automação).

Aprenda a personalizar sem complicar.  

A personalização de ERP é uma faca de dois gumes: essencial quando usada para criar valor genuíno, perigosa quando adotada por conveniência ou por falta de governança. Grandes empresas que adotam uma estratégia clara, priorizando clean core, extensibilidade side-by-side, governança de lifecycle e automação de testes, conseguem conciliar diferenciação com eficiência operacional e baixos custos de manutenção. As decisões certas tornam a personalização um motor de vantagem competitiva, não um passivo.

Se quer transformar a personalização do seu ERP em diferencial, sem virar refém de upgrades caros e longos, conheça a Simple Vision It. Especializada em transformar desafios técnicos em soluções práticas, a Simple Vision IT ajuda empresas a desenhar estratégias de extensibilidade, migrar customizações para plataformas desacopladas e colocar governança, testes e automação no centro das decisões. Fale com especialistas que sabem equilibrar inovação e disciplina: menos dor de cabeça, mais velocidade para entregar valor.

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